domingo, 19 de dezembro de 2010

Pausas

O Guerreiro caminhava lentamente. Seu olhar era lento. Assim como lento estava todo seu ser. A lentidão do tempo ironizava ainda mais sua vida. Peregrinação. Busca? Qual era seu objetivo naquela estrada ilusória da vida não material. Não? A matéria era a base de tudo. A matéria segurava seu alterego, lá, distante no outro mundo e coladamente próximo: o universo paralelo. Ação. Reação.
Lentamente sua compreensão do infinito estava cada vez mais estática.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A reconciliação

O guerreiro partiu novamente. Depois de uma breve pausa, para que seu alter-ego pudesse tentar entender alguns pontos cintilantes em seu universo pessoal, resolvendo suas tempestades solares mentais, entre chuvas de meteoritos e gases tóxicos de um cometa qualquer.
A jornada continuava.
Seu caminho, após o descanso, estava mais nítido. Não havia tanta névoa perturbando seu olhar. Pensava em quantos passos daria para chegar à incerteza novamente. Tudo dependia de seu outro eu. "Ah.. esse louco universo paralelo", pensava constantemente. Ele até que gostaria de ser único, tomar suas decisões a partir de seus próprios atos. Mas uma co-existência entre universos paralelos nunca é totalmente harmônica, se um dos lados ainda não havia se encontrado.
O Guerreiro sabia que deveria procurar a paz, porque era seu destino. A procura era seu caminho. Mas econtrar de fato, somente no tempo que seu outro eu se alinhasse.
Alinhamento complicado.
Mundos diferentes e complicados.
O mundo de um é o sonho de outro. E o de outro, é um sonho. Mas qual é real?
Nem o guerreiro, nem ELE, seu alter-ego, sabia.
O Guerreiro sonhava com o dia de poder encontrar ELE. Mas só sonhava, pois já havia aprendido que sonho que se sonha só, é apenas um sonho.
...
Parou, pensou mais, refletiu.
...
Parou de pensar.
...
Nada na mente. "É do caminhar que preciso, e não do pensamento", analisou.
...
Assim, vazio, caminhou durante dias.


(Edson Egilio - 14/12/2010)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Diário dos 21 Dias – Dia 18, 19, 20 e 21

O ventou soprou quente. O ar, trazendo consigo minúsculas partículas borbulhantes, fez a poeira levantar, sacudiu o que se via e o não era para ser visto. Fez estragos.
Consumiu-se o fato em si. A obra em si. De verdades inteiras a fatos obscuros, tudo foi se misturando.
Ainda falta muito para que tudo volte ao normal. Normal esse que não se sabe qual é, mas que existe de fato. Uma normalidade para cada ser anormal.

Yin e Yang. As forças opostas da natureza me alimentam. Lutam e brincam com os átomos e elétrons do meu ser, que sou, que fui, que serei.

O guerreiro sempre esteve comigo. Sempre me abençoou. Meu alter-ego que quer destruir seu próprio ego. É nele que confio.

(3, 4, 5 e 6/12)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Diário dos 21 Dias – Dia 14, 15, 16 e 17

No ponto mais alto alcançado até agora, na grande escalada de minha própria essência, percorrendo caminhos nunca antes trilhados... parei... debrucei sobre a grande pedra dos meus pensamentos, tentei escutar algo, receber um sinal.
Fui de encontro a tudo que eu queria, pois eu não estava lá. Era somente um espírito-forma, sem pretenções nesta ou em qualquer outra dimensão.
O vento frio cortou meus lábios já mudos, fechados. Mudados, descompensados de tanto falar. Mas agora mudo, eu mudo. Da mesma forma que encontro dois sentidos possíveis para a mesma palavra, eu me encontro na dualidade do ser e existir, do querer e perder, do amar e odiar, do sonhar e acordar, do sorrir e sofrer.
Ah, quanto tempo perdido nesses anos todos em que não podia enxergar o obscuro passado que povoa meu inconsciente e para o qual, ás vezes, eu peço arrego.
Mas tenho que continuar.
Minha mente está ativa, pró-ativa, ativa-passiva, em atividade.

(29,30/11 e 1,2/12)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Diário dos 21 Dias – Dia 9, 10, 11, 12 e 13

Alguns dias chuvosos, tempestuosos. Dias quentes que sinto frio. O caminho do meio está surgindo. Mas chegar ao equilíbrio é muito difícil. Muito mais fácil é ser somente bom, ou somente mal.
Poderia viver na ignorância. Mas agora eu já sei que existe um portal.
Tudo ficou para trás. Tudo que eu acreditei a vida toda.
É uma longa escadaria para o paraíso... como versou Robert Plant:

"Sim, há dois caminhos que você pode seguir
Mas na longa estrada
Há sempre tempo de mudar o caminho que você segue
E isso me faz pensar"
(...)
"E enquanto corremos soltos pela estrada
Com nossas sombras mais altas que nossas almas
Lá caminha uma senhora que todos conhecemos
Que brilha luz branca e quer mostrar"

(Stairway To Heaven - Page e Plant)


(24, 25, 26, 27 e 28/11)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Diário dos 21 Dias – Dia 5, 6, 7 e 8

Os dias passam. Ás vezes lentamente, outros, sem perceber, rapidamente.
Assim continua a jornada. O universo, através dos números, me avisa que um terço já passou. Afinal, de sete em sete, é o criador quem respira.
E eu tento controlar minha respiração ofegante. 7 vezes mais.
Nem todo o projeto pode ser contemplado. Mas o livro mais importante foi aberto, e está sendo lido. Página por página me encanto com as poesias escritas em linhas tortas...
É a vida, que mesmo com seus momentos amargos, não deixa de ser uma poesia.
É minha poesia é assim, cheia de versos sem rima, e rimas sem verso.
(20, 21, 22 e 23/11)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O caminho

O Guerreiro ainda não sabia o quanto poderia ficar ali.
Debaixo daquela árvore gigante, ele meditava tal como Buda ficou seus dias esperando a iluminação. Mas o guerreiro com sua espada afiada não pretendia ser como Buda.
Só queria atingir o ponto mais alto. Tão alto que pudesse olhar para baixo e ver seu ego sozinho, chorando, implorando por sua volta.

(Edson Egilio - 19/11/2010)

Diário dos 21 Dias – Dia quatro

Como disse o poeta cuja alma não era pequena: "A espantosa realidade das coisas é a minha descoberta de todos os dias... "
Fazer desse pensamento a reza sequencial para gerar cada minuto que antecede o próximo. Cada segundo. Pois a cada um que passa, outros veem. Depois desses outros, mais outros.
Infindável escada rumo ao infinito.
Creio no credo que me consome, me corrompe, me destrói. Creio que subestimo minha própria inteligência, pois meu ego tenta me enganar. Meu próprio ego.
Olho para o lado e vejo todos invisíveis. Mas vejo. Tento entender porque só eu tenho que enxergar o invisível, o abstrato. Não sou eu quem dita as regras.
19/11

Diário dos 21 Dias – Dia três

Nada a dizer. Nada a sentir. Nada dito. Nada sentido.
18/11

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Diário dos 21 Dias – Dia dois

Muitos e muitos pensamentos rondam minha cabeça. Por enquanto, tudo está tranqüilo. É necessário manter o foco na ação. Cada ação merecer uma prece, uma oração. Os inimigos estão na espreita. O Guerreiro vai estar sempre do meu lado... e que me guie, me ilumine, seja minha visão, minha força. Que o Guerreiro seja eu, pois o inimigo já sou e o combate está em mim mesmo.
17/11

Diário dos 21 Dias – Dia um

Começou. A partida foi dolorida. Muitas coisas ficaram para trás. Após a primeira queda, levantei e continuei. Assim, a conta começou do zero. Hoje. Não acredito nos planejamentos. Cada dia é único, é um só e só estou eu.
16/11.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O caminho para o centro

Novas cores se alinham no horizonte. O guerreiro caminha sem olhar para trás. Seus passos, firmes e convictos, de suavidade também se anuncia, pois o guerreiro não pretende ser anunciado. Nem seguido, nem observado.
Também não tem planos de voltar. Sua viagem é única e sem volta. Os caminhos são estranhos mas, no horizonte, o arco íris que se torna cada vez maior, é o seu mais lindo porta-retrato de lembranças de uma viagem qualquer. Ou não.
Não é qualquer viagem.
É uma longa caminhada até o centro de seu ser. Ele sabe que algumas vezes terá retornado no mesmo lugar, pois o caminho é estranho e pode, às vezes, andar em círculos. Mas, uma vez um trecho errado, ele mesmo nunca mais enganará o guerreiro. A lição tem que ser aprendida.
De tempo em tempo ele para. Medita em seiza. Medita em movimento. Sua espada faz o vento gritar alto pelo corte afiado, seus átomos se partem em dois e, mais divididos, se incorporam aos do guerreiro. E o limpam também. O que não é bom não lhe serve e sai, se recompõe, se transforma... e o que é bom, fica.

Um mantra vem do horizonte. O sinal está dado. Ele está no caminho certo.

(Edson Egilio - 05/10/2010)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O inimigo interior

Conta que havia um jovem que, por jogar diariamente com a vida e morte devido a sua profissão, começou a se questionar sobre o problema do além. Desejava saber o que era o céu e o inferno. Quando seu coração já não podia mais suportar esse mistério, dirigiu-se a uma montanha em busca de um sacerdote ancião que o iluminasse com seus ensinamentos. Ao encontrá-lo, saudou-o reverentemente e disse:
- Oh! Venerável senhor, desejaria que me instruísse sobre o que é
o céu e o inferno.
- Esta pergunta é mais própria de um camponês do que de um
guerreiro como tu – respondeu o mestre – A menos que seja um camponês disfarçado.
- O que dizes? – replicou o jovem guerreiro.
- Digo que nem pareces um guerreiro, não somente por sua infantil
pergunta, sendo também pelas roupas que trazes.
A essa altura o acidental discípulo já se mostrava vermelho de raiva em vista de semelhantes insultos, mas o sacerdote continuou.
- Tua falta de controle confirma sua suposição.
Já não suportando mais, o guerreiro desnudou sua espada e sua
ira. Nesse momento com um gesto enérgico o monge lhe disse:
- Observa, observa: isto é o inferno!
Sentido-se como se atravessado por uma flecha de vergonha, o jovem abaixou a cabeça, guardou a espada e falou:
- Perdão senhor, agora eu compreendo teu ensinamento. – Ao que o mestre respondeu:
- Observa, observa: isto ó o céu.

(Texto retirado da net)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O reto(u)rno

Agora, sim, podia ver que tudo ao seu redor estava podre. As batalhas, os choques, tudo em vão. Lutara por uma causa perdida. A confiança nos seres inferiores foi demais, além da conta.
Lutou. Esbravejou. Gritou. Cuspiu sangue. Perdeu o medo e fez rezas. Suplicou. Pensou em abandonar. Estremeceu. E, mesmo assim, manteve a postura.
Essa é a linha do guerreiro.
Mas, agora, o questionamento surge e as intempéries mentais ofuscam sua visão para o futuro.
Está voltanto.
Diferente.
Possível.
Humano.


(Edson Egilio)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O descanso...ou descaso.

O lado direito de seu corpo doía como nunca. Estava fora de forma. Não tinha mais as flexões e os alongamentos matinais, os exercícios ao anoitecer e as longas caminhadas nas madrugadas frias em busca de uma cachoeira para purificar seu corpo.
Agora estava no campo de batalha.
Era um outro campo, de uma outra forma, só necessário e nada motivador.
Dependia dele para seus sustentos.
Não podia falar, nem pensar. Só agir. Todos dependiam dele. E ele sabia de sua responsabilidade.
Sim. Momentos de descanso eram usados para limpar a espada, polir, ajeitar o dogi, se
mexer dentro da armadura para que ela se encaixesse melhor. A dor era inevitável.
...
Voltaria logo.
Era uma batalha silenciosa. Que só ele entenderia.

Essa batalha era física. Carnal. Sua evolução não dependia dela. Um pouco, talvez.
Mas não era crucial.

O mundo teria que aguardar seu retorno... e ponto final.

(Edson Egilio)

terça-feira, 6 de julho de 2010

O caminho

_Diga algo a você mesmo, guerreiro.
O pensamento desprezou o ser em que habitava. Era um pensamento-forma novamente. O corpo, ali, sentado, descansando o óbvio.
Não tinha como continuar agora. Seus caminhos se dividiram. Não havia placas, setas ou indicações.
Estava sentado na estrada do caminho. O caminho do guerreiro.
Seu nome, suas conquistas, ele por ele mesmo estava ficando para trás. Não existiria mais. Seria apenas um único ponto quando atingisse o horizonte defenestro que sua vida podia lhe dar.
E seria assim.
Qual caminho? Talvez nenhum deles.
Talvez fosse necessário se aventurar por caminhos a serem trilhados na obscura floresta que estava ao seu lado.
Sua espada seria seu guia, sua arma, seu alimento, seu front, sua proteção.

...

(Edson Egilio - 06/06/2010)

quarta-feira, 30 de junho de 2010

O observador

No horizonte, até o último ponto visível, alguma coisa ainda estava estranha ao olhar firme de um observador singular. Uma névoa, talvez. Mas ela só encobria o que, verdadeiramente, era objeto de interrogação, de questionamento. As formas mudavam de acordo com o temperamento de quem as olhasse. Eram formas próprias de cada sentimento.
O observador precisava descobrir o significado daquilo tudo. Ou daquele todo, se assim fosse uma coisa única perdida no horizonte dos pontos visíveis de seus pensamentos.
Sabia que poderia correr até lá, mas, quando chegasse, ela estaria longe outra vez. Ela se movia conforme ele se movia. Não queria ser entendida.
Ele precisaria reconhecer seu passado, seu presente e seu futuro; e algumas coisas poderiam fazer clarear sua mente e focar melhor sua visão.
Era assim mesmo. A forma era estranha, mas seu sentido de existência nem tanto assim.
O observador ficou ali mesmo. Descansou um pouco e resolveu esperar. O foco era seu. Só seu.

(Edson Egilio - 30/06/2010)

terça-feira, 8 de junho de 2010

Beatles

The End
The Beatles
Composição: Lennon / McCartney

Oh yeah.
Alright.
Are you gonna be in my dreams
Tonight.

Love you. Love you. Love you. Love you.
Love you. Love you. Love you. Love you.
Love you. Love you. Love you. Love you.
Love you. Love you. Love you. Love you.
Love you. Love you. Love you. Love you.
Love you. Love you. Love you. Love you.

And in the end,
The love you take
Is equal to
The love you make.

terça-feira, 1 de junho de 2010

A beira do abismo

"Atiramos o passado ao abismo, mas não nos inclinamos para ver se está bem morto."
William Shakespeare


Eu estava parado. Congelado. Frisado. Quase afogado pelas tantas palavras ditas, falas soltas ao vento, pois ninguém podia escutar. O abismo era imenso. Aquele frio na espinha, costumeiro em minhas aventuras nas alturas, era assustador. Não queria olhar para baixo. Não podia.
Shakespeare já me avisara quanto a isso. "Não olhes, Sir Edi, serás atraído de volta, e é tão difícil esse desligamento.....", me dizia em nossas conversas nas tabernas nos subúrbios de Londres, nos idos de 1600.
Ah.. mas fazia muito tempo que o mestre me alertara.
Nesse momento estava sentindo o passado realmente ser o que era para ser: passado. Ou será que tentava isso?
Mas eu ainda estava lá. Na beira do abismo.
Eu estava tão acostumado com aquele montante de sensações, que até então vinha preso em minhas costas e, agora, encontrava-se perdido no abismo sem fim (ou, pelo menos, eu tentava deixar lá): neuras, lembranças insignificantes, histórias que não tiveram fim, pessoas que não se despediram e algumas que se despediram também, dores, sentimentos, derrotas amargas, os dias revoltosos em que Augusto dos Anjos conversava comigo em sua pesada poesia - pois as mãos que afagam são as mesmas que apedrejam -, as noites em que Janes Joplin me acompanhava, não tão sóbrio assim, e gemia em meus ouvidos sua oração sarcástica "Oh Lord, won't you buy me a Mercedes-Benz?.. Ah.. dias quentes e úmidos em que o choro embutido no peito não explodia, épocas em que os arcanjos eram pessoas e, muitas pessoas, anjos.. tudo estava lá. Relacionamentos desastrosos, desencontros e momentos solitários, os vazios deixados pelo meu próprio ego, meus sofrimentos, as falsidades ideológicas, os vilões e alguns outros nem tantos, e outras tantas coisas quantas fossem possíveis um ser humano vivenciar...
...
Era lógico que ficariam as memórias, os registros... não tinha como. Mas a matéria daquilo tudo estava caindo, o peso das sensações anteriores fazia a gravidade trabalhar para que tudo se dissipasse...
Mesmo assim ainda era doído, sentia uma vontade de me atirar junto aquele emaranhado de sentimentos. Tão meus.
Por isso não podia olhar... não deveria baixar minha cabeça nem um centímetro. Olhando para frente, viraria meu corpo, ficaria de costas para aquela grande depressão... e daria o primeiro passo.
Mas o medo me congelava.
Só sentia, não me movia. As emoções corriam pelas minhas veias e explodiam em meu coração.
Tenso estava.
...
Os treinos de Aikido surgiram na memória celular de meu corpo. “Relaxe”... dizia sempre o Sensei... “relaxe... o maior adversário é você mesmo”.
Precisava fazer a energia circular. Era só fazer. Não tinha que pensar.
Eu tinha que fazer. Então comecei...

(Edson Egilio - 01/06/2010)


reticência
latim reticentia, -ae, omissão, silêncio)
s. f.
1. Omissão voluntária do que se podia dizer.

reticências
s. f. pl.
2. Conjunto de três pontos seguidos que constituem um sinal de pontuação que indica suspensão do discurso ou do pensamento. = PONTOS DE SUSPENSÃO, TRÊS PONTOS
pontos de reticência: o mesmo que reticências.

(http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=retic%C3%AAncias)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A batalha

Desnecessário seria tentar explicar o gosto amargo da derrota, quando a batalha vinha de sua própria essência.
O guerreiro ergueu a espada, mas estava fraco. De tempos antes já sabia que não seria possível. Estava lutando contra seu próprio ego, suas próprias emoções, seus próprios suspiros internos de querer e procurar.
Não, não deveria ter levantado a espada.
Deveria continuar sereno – era esse seu desejo. O desejo internalizado, suspenso e reto, baseado em seus princípios que estavam nascendo. Pois então poderiam não ser princípios. Talvez direitos adquiridos por desejar a paz.
Mas não tinha paz.
Enquanto levantasse a espada, não seria assim.
Se a batalha começa, não há empate. Então seria melhor não começar uma batalha.
....
Estava lá, caído. Humilhado pela derrota. Mais uma vez dentre tantas outras vezes.
Mais uma.
Suspirou.
Seria melhor levantar-se e voltar aos treinos. Mas, agora, só em outra vida.
O duelo do samurai é impiedoso.
E ele tinha perdido.
No campo de batalha daquela vida, sua cabeça estava separada de seu corpo...
... e de seu ego...
... e de sua arrogância...
... e de sua mente...
... e de tantas outras coisas.
Precisava unir tudo novamente. Precisava nascer de novo.
Flutuava pelo campo de batalha.


Edson Egilio - 26/05/2010)

terça-feira, 25 de maio de 2010

E-mail

----- Original Message -----
From:
To: Edson Egilio
Sent: Monday, May 24, 2010 11:57 PM

Subject: belos textos..intensos!

Belos textos no seu blog!
Aquele do "Dilacerante...." vc vivenciou mesmo tudo aquilo que descreveu, ou foi uma "puta" inspiração num momento inspirador? Me conta?
bjs...


Resposta:

Obrigado... é interessante saber que gostou... fico feliz...

então, vivenciar, vivenciar... como seria? não, acho que não vivenciei. mas, ao ler, não nos dá a impressão que isso já aconteceu? parece que sim pois, talvez, deva acontecer mesmo... pode não ser uma "viagem", real... mas, sim, surreal. acontecem coisas que não nos damos conta do quanto é diferente e, ás vezes, são apenas devaneios pequenos e insignificantes - pelo menos são as características que damos à eles num primeiro momento, logo que os encontramos.


ah... vou postar isso, logicamente, sem seu nome.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Tempo e oração

A luz do sol entrou pela janela de suas emoções. Um brilho - que de brilho pelo nome seria pouco, pois eram raios visivelmente fumegantes e avassaladores - foi forte o bastante para aquecê-lo e fazê-lo crer que poderia, sim, se tentasse.
Evaporou-se os resquícios de insanidade daquele dia que mais parecia um espaço de tempo, micro-espaço. Durou o tempo necessário para que ele pudesse se concentrar e, assim, poder subir ao alto e tentar rezar o credo que ainda não havia aprendido, só ensaiado.
Fechou os olhos para todos os seus sentidos e resolveu não sentir nada. Essa seria sua oração.
Neutralidade absoluta.
Lindo silêncio que o fazia não sentir, não ser.
No átimo seguinte poderia tudo terminar. E mesmo assim teria durado toda a eternidade.

(Edson Egilio 24/05/2010)

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Existo

Dilacerante. Foi assim que meus pensamentos iluminaram-se em minha frente. Parecia matéria - eu olhava para eles, eram externos, estavam soltos. Ou não. Ou simplesmente eu me dividia. Estava realmente dividido. Parecia que estavam criando vida própria, e eu não os controlava. Me questionava sem parar. E, quanto mais eu me via externo a eles, ou eles externos a mim, pareciam aumentar em tamanho e começavam a criar formas.
Estranhas formas.
Eram meus pensamentos podres, fétidos... aqueles que estavam escondidos. Eles, que vestiam pele de cordeiro até então, agora se transformavam no pior dos lobos que eu já havia imaginado em minha infância.
Não. Não era um só um lobo.
Era um monstro.
Sem citação na literatura a qual eu pudesse recorrer para comparar aquela criatura que já estava com 3 vezes o meu tamanho e, inversamente, eu começava a diminuir.
Encolher.
Estava esgotado.
Aquela coisa estava me consumindo. Sentia uma onda de luz e calor sair de mim e ir para ela. O monstro começou a balbuciar algo, a urrar talvez, se é que um monstro que se formou de pensamentos ruins urra, mas o som era ensurdecedor. Aos poucos, todos os meus sentidos foram tomando forma e alimentando o ser das trevas.
Trevas do meu inconsciente.
Como ia lutar com ele, se estava cada vez mais fraco? Ele tinha uma forma gosmenta.
Sem ter o que fazer, aproveitando de alguns espasmos musculares, tentando encontrar forças... me joguei, me atirei em sua direção, ou fui forçado a isso. Não tinha muita noção da origem da força.
No momento em que eu mais tentava repelir aquela coisa, a única força que tive foi para me unir a ela.
E abracei e senti e sumi.
Fiz parte daquilo. Se era meu, eu tinha que assumir. Talvez não pudesse ficar solto. E quando me senti no escuro, envolvido naquela massa estranha, pequeno, sem ouvir nada, com os sentidos todos travados, percebi que havia um ponto de luz em algum lugar. Não via, só sentia a presença.
Então comecei a me concentrar naquele ponto. Era cintilante... Comecei a perceber todas as cores, todas as formas, todos os pontos, todos os deuses e diabos, todos os sentimentos bons e ruins, todas as pessoas, as grandes velocidades dos automóveis, a força dos animais, o poder da turbina do avião, festas, encontros e desencontros, nascimentos e mortes, choros de alegria e tristeza, tudo era uma coisa só, Shiva estava lá, imponente e forte, mas ele era Cristo, que era Buda, e Buda era Gandhi, e todos eles eram todas as pessoas, não existia unidade, senti, vi...
E era um elétron apenas. Um único.
... mas pulsava e me dava todas as respostas. Incrivelmente me senti em paz.
Fiquei tão pequeno que parecia estar no núcleo daquele elétron fumegante.
Calor, paz. Estava lá. Tranquilo.
E fiquei assim. Adormeci.
Só.
Único. Livre. Sem sentidos, sem peso, sem matéria, sem pensamentos. Estava lá, mas não estava. Eu existia mas não existia. Eu era. Voltei ao meu início, apenas parte da matéria.
Não tinha mais nada a me preocupar, a pensar, a fazer, a ir, a sentir...
Simplesmente simples assim.
Existi.

(Edson Egilio - maio/10)

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Não aprender nada

Hoje não aprendi nada. Vivi no automático. Estive recluso em minha mente e deixei as coisas acontecerem. E elas aconteceram. Sozinhas. Não precisei ordenar, fazer, se mexer, fiquei quieto e abracei eu mesmo.
Não aprendendo nada, aprendi que tem dias que não precisamos aprender. Só viver.

Edson Egilio (13/05/10)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O lar do Bob

Meu lar é sempre onde estou, meu lar está na minha mente, meu lar são meus pensamentos, meu lar é pensar as coisas que eu penso. Esse é meu lar. Meu lar não é um lugar material por ai... meu lar está na minha mente.

(Bob Marley)

Mente

Na calmaria de minha mente, subtraio o irreal do real, e o verso também... verso não da poesia, mas o verso que significa o outro lado...
fico paralelo, nivelado... abaixado, quase acorrentado... mas fico lá.
estou assim, no passar dos dias, olhando, captando, pensando.
lá no fundo do meu inconsciente tenho uma casinha, quase igual àquela do campo, que falava na canção... só não estou com os amigos nem os discos.. só eu e eu.
fico lá o tempo necessário para poder voltar ao mundo real.
realmente paralelo.

(Edson Egilio - 07-05-10)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

The sunshine

...and the sunshine is gone...

ele brilhou por mais alguns dias, em meus dias que não eram de santo, nos dias em que nem esperava ver seu brilho... e brilhou, e ofuscou... e me ceguei.
e ele se foi da forma que chegou, rápido, forte e devastador....

voltará... interrogação...

(Edson Egilio - maio/10)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Utilidade

“Trinta raios se unem no eixo da roda;
É a abertura central (literalmente, “de seu não-ser”)
Que a torna útil.
A argila é modelada e transformada em vaso;
É seu espaço interior que o torna útil.
Janelas e portas são abertas no quarto;
São as aberturas que o tornam útil.
Logo, o proveito surge do que existe;
A utilidade, do que não existe.”

Lao-tzu

quinta-feira, 15 de abril de 2010

"Des Menschen Seele Gleicht dem Wasser: Vom Himmel kommt es, Zum Himmel steigt es, Und wieder nieder Zur Erde muß es, Ewig wechselnd."

"A alma humana é como a água: ela vem do Céu e volta para o Céu, e depois retorna à Terra, num eterno ir e vir."

- Schriften‎ - Página 390, Johann Wolfgang von Goethe

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Tocando em Frente

Ando devagar porque já tive pressa
Levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Eu nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Todo mundo ama um dia.
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
e no outro vai embora

Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz

Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história,
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz

(Almir Sater e Renato Teixeira)

quarta-feira, 31 de março de 2010

Aikido: a arte da paz

"Se eu tentasse colocar em palavras eu diria que você controla seu oponente sem tentar controlá-lo. Este é o estado da vitória contínua. Não existe qualquer idéia de vencer ou perder em relação a um oponente. Neste sentido, não existe um oponente no aikido. E mesmo que você tenha um oponente, ele se torna uma parte de você, apenas um parceiro que você controla”.

Morihei Ueshiba (fundador do Aikido)

segunda-feira, 29 de março de 2010

Baghavad Gita

O Eu nunca nasceu nem jamais morrerá. E uma vez que existe, nunca deixará de existir. Sem nascimento, sem morte, imutável, eterno – sempre ele mesmo é o Eu, a alma. Não é destruído com a destruição do corpo (material).
Baghavad Gita – Canto 2, 20.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Assim foi dito...

A mente, quando controlada pelo vaguear dos sentidos, rouba o intelecto, do mesmo modo que uma tempestade desvia um barco no mar do seu destino - a praia espiritual da paz e da felicidade. (2.67)

Mahabharata (2.67) - Bhagavad Gita.

Poética

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.

(Vinícius de Moraes)

O grande poeta disse....

Eu tenho uma espécie de dever,
de dever de sonhar
De sonhar sempre,
Pois sendo mais do que
Um espectador de mim mesmo,
Eu tenho que ter o melhor espectáculo que posso.
E assim me construo a ouro e sedas,
Em salas supostas, invento palco,
Cenário para viver o meu sonho
Entre luzes brandas
E músicas invisíveis.

Fernando Pessoa

Fagulha no universo

Quero olhar com os trejeitos de um observador tímido, porém consciente de seu ideal. Tal qual uma criança que demonstra não querer, mas quer.
Quero sentir os mais quentes dias de verão, um após o outro, assim livre, assim solto, caminhando na praia ao entardecer, vendo o sol se aninhando no horizonte, procurando seu refúgio para dar lugar ao anoitecer.
Ao luar me banhar com a luz solar filtrada pelo grande satélite.
Ouvir o ar, respirar a luz, me aconchegar em meu próprio eu. Lá dentro.
......
Ficar observando meu coração bater.
Tum tum.
Tum Tum.
Com ele me unir, e sermos um.
Unidade do todo. Fagulha no universo.
Uma flama de elétron que contém todo o princípio e fim.

(Edson Egilio)

Poema da noite

Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também decepcionei alguém.
Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
"quebrei a cara muitas vezes"!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo).
Mas vivi, e ainda vivo!
Não passo pela vida…
E você também não deveria passar!
Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é "muito" pra ser insignificante.

(Charlie Chaplin)