quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O inimigo interior

Conta que havia um jovem que, por jogar diariamente com a vida e morte devido a sua profissão, começou a se questionar sobre o problema do além. Desejava saber o que era o céu e o inferno. Quando seu coração já não podia mais suportar esse mistério, dirigiu-se a uma montanha em busca de um sacerdote ancião que o iluminasse com seus ensinamentos. Ao encontrá-lo, saudou-o reverentemente e disse:
- Oh! Venerável senhor, desejaria que me instruísse sobre o que é
o céu e o inferno.
- Esta pergunta é mais própria de um camponês do que de um
guerreiro como tu – respondeu o mestre – A menos que seja um camponês disfarçado.
- O que dizes? – replicou o jovem guerreiro.
- Digo que nem pareces um guerreiro, não somente por sua infantil
pergunta, sendo também pelas roupas que trazes.
A essa altura o acidental discípulo já se mostrava vermelho de raiva em vista de semelhantes insultos, mas o sacerdote continuou.
- Tua falta de controle confirma sua suposição.
Já não suportando mais, o guerreiro desnudou sua espada e sua
ira. Nesse momento com um gesto enérgico o monge lhe disse:
- Observa, observa: isto é o inferno!
Sentido-se como se atravessado por uma flecha de vergonha, o jovem abaixou a cabeça, guardou a espada e falou:
- Perdão senhor, agora eu compreendo teu ensinamento. – Ao que o mestre respondeu:
- Observa, observa: isto ó o céu.

(Texto retirado da net)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O reto(u)rno

Agora, sim, podia ver que tudo ao seu redor estava podre. As batalhas, os choques, tudo em vão. Lutara por uma causa perdida. A confiança nos seres inferiores foi demais, além da conta.
Lutou. Esbravejou. Gritou. Cuspiu sangue. Perdeu o medo e fez rezas. Suplicou. Pensou em abandonar. Estremeceu. E, mesmo assim, manteve a postura.
Essa é a linha do guerreiro.
Mas, agora, o questionamento surge e as intempéries mentais ofuscam sua visão para o futuro.
Está voltanto.
Diferente.
Possível.
Humano.


(Edson Egilio)